JOSÉ
MILITÃO DE ALBUQUERQUE
BIOGRAFIA
José Militão de Albuquerque (1883-1973).
José
Militão de Albuquerque nasceu na vila de Maria Pereira, atual Mombaça-CE,
em 14 de dezembro de 1883, e faleceu em Fortaleza-CE, em 4 de janeiro
de 1973, aos 89 anos de idade. Era filho de Militão Pereira Carnaúba
e de Maria Francisca de Holanda Cavalcante. Foi professor, funcionário
público, advogado e magistrado.
Em
janeiro de 1888 matriculou-se nas Escolas Reunidas de Maria Pereira, onde
concluiu o ensino primário. Entrou para o Seminário Episcopal
do Ceará, depois Seminário Provincial da Prainha, em 1º
de março de 1895, e ali permaneceu até 19 de julho de 1903,
descontado do período o ano de 1896, em que voltou ao sertão
por motivo de doença.
Não
se sentindo inclinado ao sacerdócio deixou os estudos eclesiásticos
após os exames semestrais do terceiro ano do curso teológico.
Sem recursos pecuniários com que pudesse prosseguir nos estudos
para outra carreira, regressou ao sertão, onde, por indicação
espontânea do reitor do Seminário, o padre francês
Júlio Simon (1856-1920), foi buscá-lo a convite do Superior
dos Capuchinhos, para lecionar no Instituto da Infância Desvalida,
em Santo Antônio do Prata, município de Igarapé-Açu,
no Estado do Pará, cuja finalidade consistia em educar menores
de 6 a 20 anos de idade, de ambos os sexos (filhos de índios; órfãos
pobres; moral e materialmente abandonados; filhos de réus condenados
sem meios de subsistência; vadios e vagabundos).
Em
fins de janeiro de 1904 tomou conta da primeira escola elementar superior
e dirigiu-a até abril de 1910. Sentindo-se enfraquecer pelo clima
exaustivo, querendo regressar ao torrão natal, e sendo apenas contratado
e por isso sem direito à jubilação, apesar do Instituto ser custeado pelo governo estadual, solicitou a sua demissão em
novembro de 1909, partindo para o Ceará somente quando o diretor
do Instituto contratou um substituto em abril de 1910.
No
Prata, além dos misteres do ensino, fundou e organizou a Associação
de Socorros Mútuos, da qual foi presidente por um ano, deixando-a
nas mais lisonjeiras condições de prosperidade, apesar dos
muitos socorros que proporcionou aos sócios. Ainda fundou uma gazetinha
hebdomadária, impressa em mimeógrafo, e seis meses depois fez
com que o diretor do Instituto montasse uma tipografia, na qual começou
a ser impressa a gazeta hebdomadária "Correio do Prata",
da qual foi o principal redator, desde a sua fundação em 28 de
setembro de 1907. Além disso fundou um clube de diversões,
o “Prata Club”, de pouca duração devido às
dificuldades do meio.
Em
20 de abril de 1907, no Prata, contraiu matrimônio com Maria do
Carmo Gomes Albuquerque, cearense de nascimento. Em segundas núpcias
foi casado com Maria Zulmira Rodrigues de Albuquerque. Seus filhos foram:
Militão, Francisco, Clóvis, Petrônio, Expedita, Mariângelo,
Stela, Grasiela, Anchieta, Lisieux, Margarida, Socorro, Francisco e Maria
das Graças.
No
ano de 1910, ainda no Prata, foi nomeado para exercer o cargo de primeiro
suplente de Juiz Substituto na 2ª Circunscrição (Prata)
do 1º Distrito Judiciário (Igarapé-Açu) da comarca
do Maracanã, pelo secretário do Interior, Justiça
e Instrução Pública do Estado do Pará.
De
volta à vila natal, a pedidos insistentes da população,
fundou uma escola, que contava com grande número de alunos matriculados,
e com diversos companheiros organizou um clube patriótico denominado de
“Centro Progressista”, que prosperou, trabalhando para o bem
do município, tendo fundado uma biblioteca, criado uma banda de
música, assim como instituído, obrigatoriamente, a celebração
festiva de todas as datas nacionais.
O
professor José Militão de Albuquerque exerceu diversas funções
públicas, que enumeramos a seguir: em 1925 foi nomeado pelo presidente
do Estado do Ceará, desembargador José Moreira da Rocha
(1869-1934), para o cargo de primeiro suplente de Juiz Municipal do termo
de Cedro; em 1926 foi nomeado Juiz Municipal da comarca de Lavras da Mangabeira;
em 1929 foi concedida provisão, pelo Juiz Municipal da comarca
de Lavras da Mangabeira, para exercer a profissão de solicitador
naquela comarca; em 1931 foi nomeado Inspetor Regional do Ensino, pelo
Interventor Federal do Estado do Ceará, capitão Roberto
Carlos Vasco Carneiro de Mendonça (1894-1946); em 1932 recebeu
o título de guarda-livros do Ministério da Educação
e Saúde Pública; em 1933 foi designado pelo capitão
Roberto Carlos Vasco Carneiro de Mendonça (1894-1946), Interventor
Federal do Estado do Ceará, para substituir o Dr. Joaquim Moreira
de Sousa no cargo de Diretor Geral da Instrução Pública;
em 1937 foi nomeado professor de Português do Colégio Militar
do Ceará; foi professor de Línguas do Colégio São
João, em Fortaleza-CE, e professor de Latim do Colégio São
João Batista, em Cedro-CE; em 1944, como Delegado de Ensino, foi
nomeado para fiscalizar escolas no Estado, pelo Interventor Federal do
Estado do Ceará Francisco de Menezes Pimentel (1887-1973).
Prestou
inestimáveis serviços ao Ministério da Educação,
como conselheiro daquele importante órgão federal, por solicitação
do professor Joaquim Moreira de Sousa. Recebeu diversos elogios, por meio
de portarias publicadas, do Ministério da Educação
e da Interventoria Federal do Ceará. Do Diretor Geral do Departamento
de Educação, João Perboyare e Silva (1905-1965), recebeu em 1938 um longo
elogio, no exercício do cargo de Delegado de Ensino, que diz: "Realmente,
a causa educacional muito deve ao entusiasmo, à inteligência,
à cultura, à solicitude e à flama de idealismo com
que vindes exercendo o vosso cargo."
Publicou
o livro "Caza de Orátes" (em 1910), "Processo penal
comparado" (em 1942) e um livro de crítica à jornada
democrática de Armando de Sales Oliveira (1887-1945), sob o título
"Os bárbaros" (em 1937). Deixou por publicar uma gramática
de latim clássico e dados de suas memórias. Apesar de ser
professor titular de português, demonstrou conhecer com mais profundidade
o latim clássico, sendo considerado um dos grandes latinistas cearenses.
O professor José Militão de Albuquerque nomeia
uma escola de ensino fundamental localizada no bairro Conjunto Ceará,
em Fortaleza-CE.
(Fontes:
Curriculum
Vitae de José Militão de Albuquerque; STUDART, Guilherme.
Diccionario bio-bibliographico cearense. Fortaleza: Typo-Lythographia a Vapor, v. 2, 1913.)
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