Raugir Lima Cruz*
Nunca se sabe se um acontecimento na vida foi um golpe de sorte ou de azar. Tal acontecimento veio para um benefício pesoal ou um desalento. Não se sabe, pelo menos no momento do ocorrido.
Há uma frase atribuída ao teatrólogo alemão Bertolt Brecht que dita tal regra. Diz tal sabedoria: "A verdade vem do tempo". Portanto, por mais que algo aparente uma verdade quase que absoluta no momento, conquanto, o tempo, após passadas as emoções e os sentimentos que um fato pode acarretar, mostrará a verdadeira face daquela situação. Outro dia ouvi a seguinte história que bem ilustra a idéia deste argumento.
"Fala-se que em país distante, em tempo não relatado, estava uma criança sentada na calçada de sua casa, quando passa um homem conduzindo uma tropa de cavalos e entre estes um pequeno potro que não conseguia acompanhar os animais e por isso o homem deu à criança aquele potro. Veio o vizinho e falou para o pai da criança: - seu filho é de sorte. O pai responde: - sorte ou azar o tempo dirá.
Passado o tempo. O potro virou cavalo e fugiu. A criança, agora um rapaz entrou em depressão. Veio o vizinho e falou: - seu filho é de azar. O pai respondeu: - sorte ou azar o tempo dirá.
Tempos depois, o cavalo regressa e com ele trás vários cavalos selvagens que passam a pertencer ao agora rapaz, dando-lhe considerável lucro. Vem o vizinho e diz: - seu filho é de sorte. O pai responde: sorte ou azar o tempo dirá.
O rapaz resolve amansar um dos cavalos selvagens se acidenta e quebra uma perna. Novamente o vizinho fala: seu filho é de azar. Retruca o pai: - sorte ou azar o tempo dirá.
Pouquissímo tempo depois o reino onde eles moram entra em guerra contra outro reino e todos os jovens da aldeia são convocados para a guerra, com exceção daquele rapaz que estava com a perna quebrada. Vem o vizinho e argumenta: - seu filho é de sorte. O pai insiste: - sorte ou azar o tempo dirá."
Portanto, primeiro com lenidade, se possível, depois com paciência e observação podemos descobrir que acontecimentos que em dado momento pareciam ruins, com o passar do tempo se mostram positivas, necessárias e importantes para que coisas boas pudessem acontecer, objetivando que no futuro a vida se equlibrasse e se harmonizasse.
Porque tudo é equilíbrio, como bem fala Aristóteles no livro dedicado a seu filho "Ética a Nicômaco": - "virtus in medio est".
(Publicado
no jornal ,
Ano XLII, nº 208, Dezembro/2018).
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*Raugir
Lima Cruz. Oficial de Justiça da Comarca de Quixelô-CE.
É mombacense de Senador Pompeu, Ceará, onde nasceu no
dia 15 de janeiro de 1966, filho de Etevaldo Lima Cruz e de Francisca
Zeneida Lima Cruz. Graduou-se em Pedagogia na Faculdade de Educação,
Ciências e Letras de Iguatu - FECLI. É bacharel em Direito
e pós-graduado em Direito Penal e Criminologia pela Universidade
Regional do Cariri - URCA. Obteve o 2º lugar no Concurso Literário
Rachel de Queiroz, promovido em 2006 pelo Fórum Clóvis
Beviláqua em comemoração aos 30 anos da sua biblioteca,
com a crônica .
A sua crônica foi publicada na coletânea “Sertão:
olhares e vivências” com os dez trabalhos classificados
no referido concurso. No dia 18 de dezembro de 2007 recebeu o título
de cidadão quixeloense concedido pela Câmara Municipal
de Quixelô. É autor dos artigos "Uma análise principiológica e legal das interceptações telefônicas: a produção probatória à luz do princípio da proibição da proteção deficiente", publicado na edição nº 87, ano XIV, abril/2011, da Revista Âmbito Jurídico e “A aplicação da Willful Blindness Doctrine na Lei 9.613/1998: A declaração livre e a vontade consciente do agente”, publicado no volume nº 9, edição 2011, da Themis, revista científica da Escola Superior da Magistratura do Estado do Ceará (ESMEC).
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