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Padre Sarmento de Benevides: poder e política nos sertões de Mombaça (1853-1867)
Mombaça: Terra de Maria Pereira
Grandes Juristas Cearenses - Volume II
Padre Sarmento de Benevides: poder e política nos sertões de Mombaça (1853-1867)
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Clique para ouvir o depoimento de Fernando Cruz à rádio Assembléia FM 96,7 sobre a história político-administrativa de Mombaça, em 16/03/2009.

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HISTÓRIA


Mombaça na década de 1960

ORIGEM DO NOME

 

Desde o seu descobrimento, o sertão compreendido entre “Os Inhamuns e o extenso platô ou alto sertão de Quixeramobim, encimado pela serra de Santa Rita e por um cordão de serrotas baixas justamente onde mais se abatem os ramos da cordilheira circular da Ibiapaba, na curva S.E.”, foi conhecido sempre pela denominação de Mombaça, vocábulo alienígena. “Mombaça, cidade antiga, na costa oriental da África, duzentos e cinqüenta quilômetros ao norte de Zanzibar. Foi no século XVI a capital de um sultanato semi-independente, sob a soberania portuguesa. Foi depois capital do Sultanato de Zanzibar e é hoje um porto da Quênia britânica, na ilha de Mombaça; quarenta e quatro mil habitantes. Pela primeira vez foi esta ilha visitada por Vasco da Gama em 1498 e tomada por D. Francisco de Almeida em 1505; ficou em poder dos portugueses que a perderam durante a dominação hespanhola”. (1) O motivo por que designa o sertão cearense, esclarece-o a tradição. Reza esta que, no fim do século XVII, o primeiro português que chegou àqueles centros da Capitania estivera antes em Mombaça, na África. Notando grande semelhança entre aquela porção do território africano e a região cearense, deu a esta o nome por que desde então é conhecida. Inicialmente, quando procurava descobrir as origens do nome, apesar de conhecer a tradição acima citada, cheguei a admitir a hipótese que o nome Mombaça provinha de um fruto acre, assim denominado, que no Brasil é empregado como adubo culinário, fruto de duas plantas da família das Palmáceas - ASTROCARYUM HUMILI VALL e ASTROCARYUM MUMBAÇA -, mas a hipótese logo desapareceu porque não há nenhuma notícia da existência de tal planta ou fruto naquele sertão. Fiz indagações continuadas durante muito tempo, sem qualquer resultado. A tradição do nome africano tem mais consistência e parece perfeitamente aceitável. Opina o Conselheiro Tristão de Alencar Araripe que Mombaça era o nome que devia ser dado ao município ao tempo de sua criação, em 1851, opinião justa e certa, pois, desde seis de setembro de 1832, data da criação da freguesia, passou esta a ser chamada Freguesia de Nossa Senhora da Glória de Mombaça. Porém, os legisladores provinciais de 1851 resolveram batizar o novo município com o nome de MARIA PEREIRA, numa homenagem a Maria Pereira da Silva, antiga proprietária das terras onde estava edificada a nova Vila, terras adquiridas por Sesmaria de 12 de outubro de 1706. Depois da República, pela Lei nº 69, de 9 de junho de 1892, foi o nome mudado para Benjamin Constant, voltando a denominar-se Maria Pereira, em 1918, em virtude da Lei nº 1.565, de 21 de setembro daquele ano, e, posteriormente, o Decreto nº 1.214, de 30 de dezembro de 1943, restaurou o antigo nome de Mombaça. Milliet de Saint Adolfe registra: Mombaça, freguesia da Província do Ceará, distrito da Vila de São João do Príncipe. Era a princípio uma Capela de Nossa Senhora da Glória, com algumas casas sitas nas margens da ribeira Banabuiú.


Mombaça (1639), manuscrito pintado a aquarela (69x46cm), de autoria de Antônio de Mariz Carneiro, descreve a Fortaleza de Mombaça.

Em interessante trabalho publicado na REVISTA DO INSTITUTO DO CEARÁ, do ano de 1948, sob o título “CONTRIBUIÇÃO À TOPONOMIA CEARENSE”, o Dr. Florival Seraine, nome de merecido conceito nas letras e história do Ceará, assim se expressa: “O nome Mombaça parece-nos transplantado da África, reprodução no Ceará de um topônimo africano, a não ser que estejamos em face de mais uma daquelas corruções ou de um daqueles equívocos ou aproximativos tão comuns na onomástica de origem popular. O vocábulo figura nos Lusíadas de Camões, e o Dicionário dos Lusíadas apresenta-o como cidade africana da costa oriental, entre Quiloa e Melinde e o Dicionário Geográfico Universal traz: Mombaça, ilha do Oceano Índico, na costa oriental africana, no Zanzibar. Possuída a princípio pelos portugueses de 1519 a 1720, depois, pelos ingleses de 1824 a 1826. Foi visitada em 1497 por Vasco da Gama. Na ilha havia três aldeias das quais a principal é Mombaça, onde se vêem as ruínas de sete fortins que os portugueses aí construíram”. Florival Seraine cita ainda outros nomes de origem afro-negra no Ceará, como Cafundó, Dendê, Loanda, Mocambo, Cacimba, Batuque, Quilombo e vários outros. Jacques Raimundo no seu Toponomástico Afro-Brasileiro registra também Mombaça como designação de três serras e de um rio no Estado de Minas Gerais e de uma serra no da Bahia. Além do nome dado ao município cearense, Mombaça é ainda a designação de uma serra no mesmo município, também chamada das Guaribas, com limites com o município de Tauá. Parece-nos certo que o nome é, incontestavelmente, de origem africana e a tradição ali guardada merece a melhor acolhida.

(1) Dicionário Lello Universal, 3º vol., p. 270.

(Fonte: Mombaça: biografia de um sertão, de Augusto Tavares de Sá e Benevides)

Música-tema da página: Odeon, de Ernesto Júlio Nazareth (1863-1934), pianista e compositor brasileiro, considerado um dos grandes nomes do "tango brasileiro" ou, simplesmente, choro.


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